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Mostrando postagens de julho, 2012

Sobre Amores e Hibiscos

Ele era seu amigo, seu melhor amigo. E ela não o incluía em qualquer devaneio lascivo. Primava por não deixar aquele amor puro se perder em arroubos de sexo sem motivo. Tinha por ele tal carinho, que via-o além da carne. Não que ele não fosse bonito. Era lindo! Mas ela nutria por ele muito mais do um reles desejo. Realmente, não pensava no amigo dessa maneira. Não pensava nisso. Até que o namorado dele chegou... Não era tão bonito, nem tão amigo. Mas era desejável e fazia questão de lembrar, a todo instante, que ela não lhe passava despercebida. Seu interesse era nítido, invasivo até. Estranho no início, mas apaziguado pelo contexto de humor que o amigo imprimia às investidas do namorado e ao desassossego dela. Engraçado, bonitinho, um mimo. Saíam juntos, riam, brincavam, andavam os três de mãos dadas. E os chamegos foram incorporados pela amizade despretensiosa. Nenhum perigo. Nenhuma fome. Nenhuma fome? O vinho gelava as três taças sobre a mesinha de centro. Nos confortáveis

Tic-Tac

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Sinto o peso da idade invadindo as entranhas. Sinto o roubo das horas, a agonia da pressa. Sinto o cansar dos passos não dados. O arrastar das ideias. Sinto a década como se fosse o dia. Sinto a mácula da face no espelho. Minhas marcas. Estou ciente dos vestígios, das migalhas pelo caminho. Consciente de tudo que era, que já foi, que não volta. Não há volta. Só há o rumar inerte ao começo do fim. Esse final que, ao que parece, já é agora. O futuro? A mente alerta que traçava planos não é a mesma mente mansa que vê os ponteiros do tempo contando em anos. Tic-Tac. Não vejo o tempo passando. Só ele me vê. Não há trilha. Não há tempo.