Vazios Aniquilados



Tive todas as “coisas” que quis ter na vida. Conquistei frescuras, brinquedos, tecnologias. Adquiri objetos úteis e inúteis, fúteis e necessários. Tive compensações e descompassos. Tudo eu tive de artefatos. Mas as pessoas... essas eu não tive todas.

Algumas eu quis por princípio, por ego, por conquista. Outras eu quis apenas por vaidade. Dessas tantas, talvez tenha tido todas... Mas vieram aquelas que eu quis por mim. Aquelas que eu quis por bem. Essas fugiram, escaparam...

Não reclamo. Tive muitas e marcantes personalidades junto a mim. Rostos e mentes especialíssimos. Que me trouxeram melhorias indiscutíveis. Que me preservaram, que me renovaram. Me compreenderam.

Mas aquelas que não tive, as inatingíveis, me fazem falta. Não porque não as conquistei. Mas porque eram as certas, as que se encaixariam em definitivo nessas lacunas do coração. As que tornariam a vida menos cinza, menos métrica.

Algumas que desapareceram no vento. Voaram para onde jamais eu poderia alcançar ou seguir. Apagaram passos – talvez, no intuito mesmo de que eu não as encontrasse. Não lhes fizesse bem ou mal. Não lhes desse ou tirasse nada.

Outras, tão próximas, tão sádicas, ainda se mantêm diante dos olhos, ao alcance do toque. Essas me doem mais. Raríssimas que são. Desapegadas que são. Distantes dentro de nosso próprio abraço... quem dera um abraço...

Deixei que escapassem, essas pessoas que não tive. Não as prendi, não as reservei. Deixei que fossem. Para longe de mim. Esse longe que espaços virtuais arrastam de volta. Que se tornou tão ao meu lado, que lhes sinto o cheiro vez em quando.

Saudade de quem não tive. Ânsia rompante de saber-lhes os segredos. Pois que viverei nessa dúvida até a eternidade. Perguntando-me por que não foram minhas essas pessoas. Por que não me quiseram conter. Por que, ai de mim, fico assim tão sozinha justamente sem essas que jamais senti.

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