Experimentação de Mim



Estou experimentando uma nova de mim. Algo tão novo que se mescla com a expectativa mundana do comum. Pela primeira vez, talvez, eu seja igual a todo mundo. Experiência estranha para um ser estranho. Mesmice, estagnação, cópia... mas tudo tão inovador, tão colorido.

Por vezes, juro que não me reconheço no espelho. Juro que aquela ali me olhando não sou eu. Mas sou. Ela é. Alguma parte de mim que dormitava, sem pressa alguma de vir à tona. E, para essa nova, sorriem rostos que antes franziam cenhos. Para esta, abrem-se portas, desgastam-se elogios, surgem vozes de conversas fúteis, agradáveis.

E o entorno se torna mais amplo. Tudo reorganizado no espaço ao redor da novíssima figura. Boca pintada, saltos nos pés. Pernas à mostra como se o foco do Eu fosse a imagem, a matéria recomposta, compartilhada com o olhar do meio. Aceita!

Ainda não consigo conciliar as duas de mim. Essa brilhante de vestido, a outra encapsulada no ostracismo do intelecto. Ainda não entendo porque o mundo acha que só a feia pensa... Será por esse mar de futilidade que abarca a beleza em si? Será que estou me perdendo sem saber...?

O fato é que falta. Eu me faço falta dentro desse novo corpo. Tenho de botar conteúdo nessa nova figura. O quanto antes, pois a recaída estreita de perto... Ainda não decidi se me importa mais a importância que tenho na casca maquiada e florida, ou se o desdizer de mim, de meu saber, me dói mais.

Rápido! Alguém diga que estou linda, ou corro o risco de voltar a raciocinar!!!

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