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Mostrando postagens de abril, 2013

Delírio

Mais uma noite que sonho contigo. E já não sei se sonho, pois acordo em teus braços e me pego sozinha. Algum canto em minha mente te projeta de tal forma, que minhas mãos quase alcançam tua pele invisível. Já não é sonho, é delírio. Não sei se te amo, mas o desejo que tenho por ti é tanto que me escapa. Sai pelos poros. Já não guardo o pudor do olhar. Miro-te desatentamente, alheia e despreocupada das percepções ao redor. Teus traços preenchem meus olhos. Teus olhos quase negros, vez em quando nos meus. E o mundo amortece. Paixão talvez não seja. Romance muito menos. Mas o que será então esse devaneio, esse sentir-me sorrir mais quando posso erguer minha mão e te alcançar? E estás tão perto de mim que te sinto respirar. Conheço teu perfume. Rememoro cada dobra da roupa que não posso tirar. Fala-me o que é essa tormenta que acalma, o que é esse alívio que me dá quando te vejo sorrindo. Esse caminhar mental por tuas carnes, por teus pêlos. Esse querer provar-te que me pr

Só Mais Uma Saudade

Às vezes me bate uma saudade de ti... Uma vontade de ti, uma ânsia do teu cheiro... Me pego, do nada, pensando em ti, lembrando teu rosto, teus traços, teus pêlos... Me vem uma saudade tão única... me vem uma tristeza tão dura. Me vejo de novo em teus olhos quase claros, quase escuros. Teus olhos quase meus... Tem vezes que me dá essa saudade, essa ternura, essa lembrança. Sim, ainda lembro de nós. De todos os jeitos. Lembro de cada abraço, cada beijo, cada orgasmo. Lembro sorrisos e olhares cúmplices. E lembro também que essa é uma lembrança distante. Que já não és mais meu. Que já não estás mais em mim. Sim, por vezes recordo teus abraços, teus dentes alvos no sorriso, tua boca a marcar minha pele, tuas mãos tão ternas. Recordo nossas conversas tão curtas, tão rasas. Sempre falamos só de nós. Daquele presente passageiro. Sem passado, sem futuro. Pretérito imperfeito esse nosso amor. Mas era amor, é o que importa. Por algumas vezes, ainda me pego voltando pra ti a cad

O Vazio e a Febre

Tudo turva, tudo embaça, quando a febre queima na pele. O mundo perde o rumo, a noção, o conceito. Tudo nubla quando a febre queima o corpo. O bom senso incendeia, incinera, vira fumaça, pó. É quando a mente embota, é quando o que fala mais alto é essa chama que consome o sentido de tudo, toda a moral. E quando o fogo domina o pensamento, nada resta de juízo. É tudo indulto, indulgência. Negligência. Tudo é festa, tudo é só a febre. Um suicídio, uma mutilação, atentado. Autopunição, demérito. Tudo em busca do prazer, do afago do ego. Tudo pode, tudo perde. Nenhum limite restringe o flagelo. Nenhum sentido, qualquer entrega. A febre consome a carne. E depois, mais nada há. É então que a febre queima a alma, mata a ética que resta. É quando tudo esfria que sobra só a sensação de sujeira. O cheiro do álcool consumido, do ato consumado, do gostar-se extinto. É quando o pensar volta e olha de frente, reprovação latente. Vergonha. Quando a febre deixa o corpo em paz, vem a lembr