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Mostrando postagens de junho, 2013

Vai e Vence

Tenta de outro jeito cometer teus mesmos erros. Enroupa de outros panos os mesmos Iscariotes. A vida é repetição doirada como pílula amarga que não se pode tragar sem purpurina. Sem enfeite. E deleita-te no arcoirisar destas tuas sombras monótonas. Readquire brilho à pérola fosca, opaca de tantos perderes... Que esses perderes são quereres que ainda queres. São sonhos tanto sonhados quando malfadados, tão vencidos que só resta poeira. Mas a poeira, não esquece, se misturada com a lágrima, vira barro. E do barro tu constrois teu alicerce, bem alto, em direção ao sol dos conquistadores. Reveste de veludo tudo que queiras modificar, pois que a essência, essa é sempre a mesma. Nunca transmuta, nunca se acaba. Tal qual pedra filosofal, ouro de tolo, quanto mais se busca, mais distante parece. Mas, vê bem que é só ilusão do mundo querendo derrubar-te, derrotar-te. Tudo que tu queres está, sim, a teu alcance. Estende a mão... Vai sempre de cabeça erguida, de convicção reta. V

Alguém para mim

A sirene de uma ambulância distante ecoa pela imensidão da avenida quase deserta. O asfalto espelha com a chuva fria, refletindo os poucos veículos que cruzam meu campo de visão. E eu, do lado de cá do vidro embaçado da janela, fico me perguntando se haverá alguém lá fora para mim. Leve sonho ainda acalentado. Um par de olhos que me vejam como sou, um sorriso que sorri apenas para mim. A mão entrelaçada na minha em passeios secretos, um beijo roubado em esconderijos românticos. Breve devaneio de minha solidão. Eterno suspiro, desejo latente desse rosto que ainda não vi. Imagino que exista ainda aquele que não conheço, e que reconhecerei. Aquele que virá um dia acabar de uma vez por toda com minha apatia solitária de observadora do mundo. Um alguém que não precise de palavras, só de olhares, só de afeto. Alguém que também me busque sem eu saber. Talvez, esse alguém esteja apreciando a chuva da madrugada em algum lugar dessa mesma cidade. Talvez perambule pelas mesmas ru

Virtual

E cá estou eu, gelada até os ossos, outra vez olhando fixo a tela clara do computador... E cá estou, novamente a esperar sinal. Não aprendo? Já não basta? Não bastava antes? Não bradei que cessaria essas rompâncias, essas penúrias, da última vez? Da penúltima? Sim, faço promessas que não costumo cumprir. Promessas a mim mesma como milho às pombas do parque. Elas nunca agradecem. Sequer sabem quem é que as alimenta. Sabem apenas da fome e da vontade de comer. Pombas e promessas são frívolas. E eu outra vez me pego a catar grãos pelas reentrâncias do caminho. Mas não é minha culpa desta vez. Já falei isso? Não é meu pecado. Não maculei a eternidade da promessa. Fui compelida, iludida, imolada. Virei troféu, sacrifício, ícone de pedestal. Ao menos, me senti assim quando ele chegou do nada dizendo “te gosto”. E eu gostei da iniciativa, confesso... E ele chegou tão cheio de meiguice, tão de mansinho, tão menino... Juro, estava quieta. Nem me movi. Ao contrário, até gargalhe

40

Tenho de admitir que protelei por 480 longos e graciosos (!) meses a chegada desta data adversamente magnânima. Ficou lindo isso! Não acharam? Mas, é fato. Hoje é, finalmente, o dia da redenção. Do Parque não, da graça mesmo! Dia de rebelião, dia de quebrar correntes. Mais um grande passo. É agora que a vida começa, dizem. A minha? Essa já começou faz tempo! Tenho que fazer certa força, às vezes, pra lembrar que não tenho mais 20 anos (nem 30... enfim). Tenho que controlar impulsos e segurar instintos. Quem sabe por isso eu repita tanto a minha idade. A cabeça da gente prega peças, peca em passos, pensa que é jovem ainda. Na verdade, a cabeça da gente estaciona aos 18 e o corpo que se dane! Mas não é disso que quero falar. Quero mesmo é dizer que chego inteira e satisfeita a mais esse marco temporal. Quero dizer que acredito na vida mais do que nunca. Quero dizer que consegui! Conquistei cada metro do caminho, cada pedaço de chão até aqui. Degraus e buracos, saiam da frent