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Mostrando postagens de setembro, 2014

Minha cama

(deveria ter escrito isso dia 18 de setembro de 2014) Minha cama tem cheiro de corpo. Não do meu, do outro! Um corpo que me perfuma, que me consome, que me infecta, que me resvala entrededos... Meu corpo tem o cheiro de outro corpo. A pele na minha pele de uma maciez indescritível. Músculos ocultos, mas hábeis. Coxas grossas, curvas densas, mãos descompromissadas... Esse corpo que toma o meu corpo, que me suga, me consome, me flagela. Esse corpo que me devora! E eu deixo. E ele vem e vai sem a menor preocupação. E ele vai e volta, porque eu permito. E eu permito porque esse corpo me incendeia ao mais breve olhar. Sim, esse corpo tem uma cabeça, e olhos e lábios... E ele sabe se dar e me beijar e ser meu quando os meus lábios e olhos se despejam, sedentos, sobre ele. E é quando ele se submete e se torna meu que tudo, caoticamente, acontece! No calor do gozo, no esplendor do orgasmo, ele é meu dono, meu escravo, meu amante, meu vassalo. Ele... esse que eu já amei. Esse q

Em primeira pessoa

Por vezes, a vida nos mostra mais do que estamos dispostos a ver. Em outras ocasiões, são sonoridade e vozes – discursos mil – que não estamos preparados para ouvir. Todavia, em algumas poucas vezes, essa mesma vida nos põe diante do que precisamos, do que necessitamos aprender. Atente-se. Essa oportunidade pode se manifestar na forma de um amigo. Um mero desconhecido que se dispõe a ajustar tudo aquilo que está errado em você. Sim , eu sei, parece insano, parece incoerente. Acima de tudo, parece assustador. Meu conselho é: não tenha medo! Aproveite! Eu (sim, falarei em primeira pessoa) tive o privilégio de cair nas graças de uma dessas pessoas que apenas sabem mais. Já tive ataques, já tive surtos, já briguei, já ofendi. Esse cara permaneceu quieto e firme, sabendo, talvez, que meu acesso de raiva era só isso, um acesso de raiva, de pânico. Que passaria. E passou. Hoje, tão pouco tempo depois. Sei que estou em boas mãos, no bom caminho. Embora ainda (e sempre será assim)

Não sei o que faço

Não sei o que faço. Mas, faço tudo que posso. Nem sequer um mínimo indicador para me dizer se estou indo para o lado certo. E, nem isso. O que é certo e o que é errado, afinal? Esquerdo ou direito, bem ou mal, bom ou mau. Miséria e riqueza. Virtude e pecado. Qual você escolheria? Continuo sem saber o que faço. Por que faço. Para quê? Faço o que faço por instinto e porque uma voz sem voz me diz “segue em frente sempre”! Se essa voz está certa, saberemos um dia. Até lá, sim, seguirei firme e tentando. Porque não sei desistir de nada. Vou ao fundo de qualquer coisa... jeito triste esse de ser. Sou assim, persistente, teimosa. Em 90% das vezes, quebro a cara. Já estou acostumada a fracassar. O que não quer dizer que eu desista. Nunca! Um fracasso é só uma próxima oportunidade para tentar diferente. Loucura? Até que é! Mas, fazer o quê? Eu não compreendo a palavra derrota... E sou assim em tudo. Sou assim com projetos profissionais, novidades tecnológicas, empreendimentos sur

E eu ainda estou aqui

A queda nada tem de vertiginosa, nem é rápida ou fascinante como um atirar-se da torre  do castelo. A queda é lenta e tediosa, silenciosa, apática. Vamos, dia a dia, afundando na lama enfadonha, fedorenta. Nada a ver com a areia movediça aventureira do filme da sessão da tarde. E nenhum cipó nem braço de mocinho pra nos fazer para de afundar. Quando a rotina deixa de ser divertida ou estimulante, muito vagarosamente mergulhamos no torpor de ser apenas a sombra de nós. E a sombra de mim é gigantesca. Engolfa a luz e tudo se torna limbo. O aterrorizante é que o limbo nos parece – me parece – confortável. E eu afundo mais. Não sei dizer exatamente quando tudo começou a perder o brilho. Se foi fato isolado ou o cansaço de perda diante de perda. Quando o castelo de cartas começa a desmoronar, nada o salva do espedaçar-se completo. Minhas quedas costumam ser assim, completas. Nada sobra pra recomeçar. Dessa vez, porém, foi diferente. Sim, venho perdendo e perdendo, como costuma