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Mostrando postagens de setembro, 2015

Sou Velha

Dia desses, mandaram me dizer que eu sou velha. E eu concordo em todas as instâncias. Vejam, não me disseram que "estou" velha, mas que "sou" velha. O que implica uma diferença significativa. No meu julgamento, a declaração não tem a ver com idade. Tem, sim, uma tentativa de ofensa que, em verdade, é verdade! “Ser” velho significa finalmente absorver os ímpetos de juventude, os arroubos de aventura e os sonhos megalômanos de um futuro esplêndido. Significa uma calma que só os que são velhos têm, significa encarar o tempo passivamente, como se fôssemos, eu e o tempo, velhos amigos jogando xadrez. “Estar” velho é sentir-se menos jovem, é a contagem de anos pesando sobre as articulações e a ânsia dolorosa de querer voltar no tempo. Desses males, fora a lei da impiedosa gravidade, não sofro nenhum. Não choro pelos perdidos ímpetos de juventude porque jamais os perdi. Ainda invento mundos fictícios e brinco com amigos imaginários, ainda visto-me de pers

Meu Novo Amor

Meu novo amor deve ter cabelos escuros e olhos intensos. Deve olhar-me como quem contempla uma obra de arte renascentista. Deve ostentar aquele brilho que só para mim será visível. Deve ver além de mim, de meu corpo, minha alma. Não lhe abro mão da boca bem desenhada, de sorriso fácil e covinhas que a barba esconde. Esse novo amor deve dizer nos lábios sem palavras a plenitude de seus sentires. E sonhar em suspiros, arfar em ânsias, resfolegar quereres. Ah, sim, e não menosprezar Caetano. Meu novo amor não deve ter cor nem credo. Crendices à parte, devo ser eu sua divindade. A face da deusa em meu próprio rosto e dele a seiva que gera a si mesmo em deus consorte. Que a lenda do inverno e da colheita se unam num mesmo sacrifício. Nosso sacrifício, morrendo-nos nos braços um do outro. Meu novo amor há de ser sereno, carinhoso e terno. Há de ser selvagem, vigoroso, eterno. Há de ser, esse meu novo amor, reflexo de Marte e Mercúrio. Médico dos males de meu espírit